Essa semana fui tomada por esse pensamento. Ele veio como uma flecha e procurou de todo jeito encontrar morada em meu coração e me botar para baixo. Os pensamentos são assim, eles simplesmente vem! E são (à principio) mal educados: não batem à porta, não pedem licença, na maioria das vezes não são convidados.
Eles chegam chegando e se deixarmos, eles entram e fazem morada. Como uma nuvem negra os pensamentos vão se alastrando e escurecendo tudo ao redor. Soltam raios, relâmpagos, fazem muito barulho e por vezes são assustadores. Podem até paralisar a mente daquele que o possui. Eu sei bem como eles são, estudo isso à anos, faço minha terapia e ainda trabalho com meus pacientes. Mas isso não os impede de vir.
E ele veio, no meu caso, por um motivo: muita demanda, a demanda da vida. A vida não para de demandar, e quando mais você “crescer" mas escalonada ela fica. Eis o que aconteceu: coloquei em meu coração que iria levar meu filho mais novo para um culto especial que aconteceria na igreja em uma segunda-feira à noite. Desmarquei alguns pacientes e preparei mais cedo o jantar. Mas quando chegou à noite, já estava tão cansada que uma simples resistência iria conseguir me parar - e ela veio, bem rápida. Mandei o menino tomar banho - pronto, começou. “Mas por que eu tenho que ir agora? Acabei de chegar, estou cansado, quero brincar na rua, não quero tomar banho, não quero ir à igreja, hoje é segunda, e blá blá blá…
Já com as forças minadas do dia, fui vencida pelo cansaço. Aproveitei então que estaria em casa, para entrar na aula de extensão que faço quinzenalmente às segundas. Jantei um pouco mais tranquila, e subi para meu escritório despretensiosamente achando que tinha todo o tempo do mundo (já que não ia precisar mais sair correndo para o culto). Entrei na aula e “peguei o bonde andando”. Na minha cabeça só tinha passado 5 minutos, mas o que aconteceu, que fui me dar conta depois, é que na verdade entrei 1 hora e 5 minutos atrasada. Logo após minha entrada, a aula acabou.
Como pude ter sido tão atrapalhada? Pensei, e esse pensamento começou a desencadear outros na sequência: Me planejei tanto para levar o Gabi e não fui, que raiva, porque fui tão mole? E agora o que eu queria que ele tivesse vivido não viveu, o tempo está passando, ele já está com 11 anos e ainda não tem amigos na igreja. Tudo por culpa minha, não fui firme o suficiente, deixo ele fazer o que quer. E ainda por cima perdi a aula! Agora vou ter que despender de mais tempo para assistir, ah não, e vou ter que disponibilizar um outro tempo para atender os pacientes que desmarquei. Aff, (e culminou) eu sou péssima.
Nessa hora todo o meu corpo já estava deprimido, o sorriso desaparecido levando junto todas as outras coisas boas que tinha feito e produzido ao longo do dia. Só me restavam duas opções: tomar banho e “chorar" ou me reorganizar. Embora a primeira parecia a mais convidativa, acabei optando pela segunda.
Parei, respirei, e usei minha mente, não mais para produzir pensamentos aleatórios, mas a usei para pensar: - Você não é péssima, tem procurado dar o seu melhor todos os dias, começando no cuidado com os meninos, mas talvez precise fazer menos coisas, e tirar uma semana de ferias em julho (assim a mente funciona, ela pode ir longe se você não a treinar, mas a trouxe de volta). Nem sempre as coisas saem como a gente planeja, e está tudo bem, isso acontece. Lide com as consequências e semana que vem vc tenta de novo.
A tensão foi embora e levou junto a raiva de mim mesma. O corpo ficou mais leve e o sorriso foi voltando aos poucos. Agora sim fui tomar um banho e descansar, porque o amanhã em breve começaria, e eu preciso estar preparada pois junto com ele, novos desafios e exigências físicas e mentais certamente virão. Enfim, para terminar troque o péssima por sou humana em constante melhoria, forças!
Para você, pai ou mãe que chegou até aqui, quero te dizer, a vida não é fácil (e ninguém disse que seria), somos solicitados, questionados, exigidos e cobrados, temos que dar conta de nós mesmo e de outros que estão aos nosso redor, em maior ou menor grau. Mas divido com vc uma lição importante: a vida fica ainda mais difícil quando VOCÊ é seu pior inimigo.
O tempo todo você se diminuindo, desvalorizando e deixando os pensamentos depreciativos tomarem conta da sua mente como aquela nuvem de tempestade. Por isso, aprender a usar sua mente a seu favor é uma habilidade importante a ser desenvolvida em sua jornada. Se está com dificuldades, busquem profissionais da área, certamente eles poderão te ajudar.
Abraços com carinho,
Katia Ferreira
Psicologa Clinica
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