QUEM NÃO SE PERDE PELA CAMINHADA?
- Kátia Ferreira - Psicóloga

- 24 de set.
- 1 min de leitura
Nos perdemos tanto pelo caminho
que depois fica difícil de se achar.
Tantas coisas vão ficando para trás
que se forma um rastro de nós mesmos,
daquilo que fomos e não somos mais.
A alegria já não é a mesma —
simples, singela, contagiante,
fácil de se obter.
Não sou mais dona de mim mesma.
O próprio tempo me consome.
Consome minha vivacidade,
minha simplicidade, minha felicidade.
Consome sem dó meus sonhos,
minha beleza, meus anos.
Tudo se vai pelo vão dos dedos.
E se eu não cuidar,
minha alma se vai também,
restando apenas o protótipo
daquilo que um dia eu fui.
Quem sou eu? Não sei mais.
O que gosto? Também não sei.
Meus sonhos viraram devaneio.
Ah, que saudade da mocidade...
Tudo era tão mais simples
e eu não sabia.
Desejava sempre outra vida.
Será que faço isso hoje?
Talvez seja hora de retomar,
voltar pelo caminho
e juntar as migalhas.
Fazer um novo eu —
porque aquele já se perdeu.
Kátia Ferreira


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