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O DRAMA DO DOGUINHO

  • Foto do escritor: Kátia Ferreira - Psicóloga
    Kátia Ferreira - Psicóloga
  • 1 de set. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 11 de set. de 2023


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Essa vida de mãe e trabalhadora tem hora que é muito cansativa. São tantas coisas que dominam a mente que certamente não sobra espaço para doguinhos.


Deixa eu esclarecer o “doguinho”, no caso não me refiro à cachorros pequenos, mas sim àquele salgado de festa, que tem um pedaço de salsicha enrolado em uma massa que depois é assada. Em Curitiba, à esse salgado damos o nome de doguinho.


Então foi assim: Gabriel tinha um trabalho para apresentar na escola. Ele e seus colegas falariam sobre a região sudeste e precisavam de um prato típico para degustação. Sugeri paçoca mas não foi aceito, e por unanimidade dos amigos quiseram o tal do doguinho.


O projeto era para sexta, dia 25/08 e ele, muito precavido, me avisou na terça, 22/08, mas eu não coloquei no quadro geral de avisos da família, e aí vc ja sabe né?! Deu ruim… Tinha que ter pego na padaria na quinta à noite, mas do mesmo jeito que entrou a informação na minha mente ela saiu.


Acordamos sexta e preparei o Gabi para o ônibus. Estava bem curitibano o clima: frio, nublado e aquela chuvinha fina. Nos despedimos com um gostoso abraço e ele entrou no ônibus. Dois minutos depois meu WhatsApp começou a apitar sem parar: mãe, mãe, mãe… umas vinte vezes.


Com tantas solicitações achei melhor ligar, e ele atendeu apavorado: “Esqueçemos o doguinho”! - com uma voz de desespero acrescentou: “E agora? Estou perdido”.


Primeiro procurei acalma-lo e em seguida acrescentei: “Eu vou dar um jeito”. Cético ele me perguntou: “Mas como?” E eu apenas disse: “Confia.”


Minha cabeça se pôs a mil! E agora? Liguei para a escola em busca de ajuda, nada! Liguei para minha padaria de confiança - não entregavam lá. Liguei para um Uber - não atendeu. Comecei a ficar sem opções. Poderia levar na escola mas isso consumiria uma hora e minha agenda estava toda cheia. Acalmei meu próprio desespero e como ultima alternativa liguei para a atendente do ônibus.


Expliquei a situação e pedi, que se fosse possível, ela me esperasse para que eu levasse o doguinho até ela. Relutante, primeiro me disse que era impossível pois tinha horário para chegar na escola, mas depois disse que se eu chegasse em 5 minutos ela esperava.


Topei na hora, o único detalhe é que eu não tinha o doguinho.


Sai em disparada para a padaria, afinal eu tinha um trabalho escolar para salvar. Como em um raio dirigir até lá, desci correndo e fiquei na torcida para que tivesse o salgado, e tinha - 29 unidades (baixa de apenas 1 da quantidade necessária). Nunca fiz uma compra tão correndo, literalmente eu corria em todos os movimentos que fazia.


Nesse interim, a atendente me ligando perguntado se estava chegando. Coloquei o endereço no Waze, e dava 5 minutos ate o local. Dirigi naquela intensidade e passei a rua que deveria virar… O coração começou a disparar, e o telefone a tocar. Enquanto virara o carro para arrumar a rota, ela me liga e avisa que saíram do local.


Estava tensa, nervosa e não sabia o que fazer. Mas tinha apenas uma certeza - não podia decepcionar meu filho, pois ele contava comigo. Pedi o novo endereço, e ao invés dela me passar o nome da rua me enviou a localização. O que faço com isso? Fiquei ressentida comigo mesma por nao ter aprendido todas as vezes que meu marido tentou me ensinar como usar a localização para chegar ao local.


O desespero apareceu novamente, mas em anos de clinica eu já sei que ele não ajuda em absolutamente nada, a não ser atrapalhar. Respirei fundo e usei minha mente. Abri a localização, pegue o endereço e coloquei no Waze. E com a mente calma e o pé pesado fui dirigindo até lá enquanto falava com a atendente que por favor aguardasse mais um minuto.


Enfim achei o ônibus, parado no canto da rua me aguardando salvar o dia do meu menino. Assim que entreguei o pacote, caiu aquela chuva! Senti um cuidado de Deus no meio do meu esquecimento.


Imediatamente recebi uma mensagem no Whatsapp: “Mãe obrigada, vc me salvou, te amo”. Valeu, cada esforço, cada nervoso. E por que tudo isso? Você deve estar se perguntado, afinal era só um trabalho escolar. Mas eu te digo, por um motivo: confiabilidade. Agora mais do que nunca, ele sabe que sempre pode confiar em mim. Katia Ferreira

 
 
 

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